Tenho saudades do Natal de antigamente
Dei por mim a pensar como o Natal e a sociedade mudaram nas ultimas décadas.
Lembro-me da alegria que existia das famílias numerosas se juntarem à volta da mesa, que muitas vezes mal dava para tantos comensais. Estava tudo junto, pais, filhos, primos, avós, tios, tias, família da parte do pai e da parte da mãe.
As mulheres estavam à volta da comida e dos doces, os homens punham a conversa em dia e a lenha na lareira, as crianças brincavam felizes e ansiosas pela hora de abrir as poucas prendas que estavam debaixo da árvore. Tentava-se avinhar o que seria, na maioria dos casos conseguia descobrir muitas delas, através do toque, peso e confesso que devido à minha curiosidade, as que não conseguia descobrir, abria com muito cuidado, tirando a fita cola para espreitar o que lá estava dentro. Confesso, este foi o meu primeiro crime, nunca ninguém percebeu.
Depois com os divórcios, os natais começam a ficar reduzidos e têm de ser passados em partes, a noite num lado, o dia no outro.
Quando os avós nos deixam, mais triste fica, pois eles eram aquelas figuras que nos enchiam o coração.
As prendas eram poucas, mas eram muito apreciadas e duravam uma eternidade, Muitas das crianças de hoje tem tantas prendas, que não ligam nem a metade.
Hoje o natal é um pouco símbolo de desperdício, consumismo e futilidade. Já não tem o mesmo significado de antigamente.
Prefiro que não me ofereçam prendas, do que oferecerem bugigangas ou coisas sem qualquer utilidade. Estou sempre a dizer, se quiserem oferecer alguma coisa, ofereçam um livro, uma caneca que vou usar de certeza, bolachas, chocolates ou um vinho tinto, mas não ofereçam coisas que não são necessárias e que nem sei onde as vou colocar.
Eu só ofereço livros ou produtos comestíveis, para evitar o desperdício.
Acredito que ainda existam natais onde toda a família se junta, mas não acredito que seja a maioria.
eu apenas sinto saudades quando tudo era mais simples, onde as pessoas falavam, sem interferências de toques vindo dos telemóveis com notificações das redes sociais. Onde as crianças corriam, ajudavam a fazer os doces e outras coisas e não agarradas a telemóveis ou tablets a jogarem.
A evolução, o consumismo e a tecnologia tem vindo a desumanizar o natal e a vida em geral.
Imagem: Pixabay
Porque até os doces já não se fazem, compram-se.