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Sal e Pimenta

Não é um blog de culinária...

Sal e Pimenta

Não é um blog de culinária...

Para ti Marta

Marta, 

Agradeço-te por todas as palavras trocadas, por toda a tua coragem e agora mais que nunca quero viver cada dia como se fosse o ultimo. Este era um post que eu não esperava escrever, como sabes era a optimista que achava que ias vencer isso. Tu bem me disseste que não, mas eu entrei em negação. Mas aquela foto da árvore, ficará para sempre na minha memória.

Ainda não aceitei a tua partida, vai ser um processo. É incrível como numa comunidade como esta podemos sentir tanto a falta de alguém e sentir a dor de saber que já não andas por aqui e que já não vais deixar mais nenhum dos teus sapinhos. Não te conhecia pessoalmente, mas era como se te conhecesse. É estranho, mas a dor que estou a sentir é real e não podia deixar de te dedicar uma ultima homenagem.

Parabéns pela tua coragem e força. Deixo-te esta musica, minha guerreira, espero que gostes, porque sei que lutaste até ao fim.

 

P.S. vou fazer aquela brincadeira que tu fazias, de atirar cubos de gelo para a vizinha de baixo, só para nos rirmos as duas.

Não é um adeus, mas para já...é um até já

Ano Novo...

Resoluções...

E a minha maior resolução, foi relativa a este blog. Irei estar mais ausente, aliás só irei participar nos desafio dos pássaros até ele terminar. Prometi, vou até ao fim.

É um ciclo que se fecha e abrem-se novos.

Tenho que agradecer a uns quantos vizinhos, todos os que me visitavam diariamente, as que deixavam comentários e os que eu gosto de visitar e sempre que possível irei continuar a fazer.

Há sem duvidas blogs com gente dentro e há pessoas com blogs e a experiência tem sido gratificante, mas tenho novos planos e não passam por este blog, que pouco ou nada acrescentava e nem sequer tinha um alinhamento ou categoria definido.

Já estava sem ideias do que escrever, ou aliás tinha muitas, mas como me expus, ficaram sem qualquer possibilidade de dar azo à minha escrita. Por isso entendo o facto de a maioria não colocar a sua cara. Eu deveria ter feito o mesmo. Neste momento já não posso falar sobre certos assuntos, pois ainda poderia ir parar à pira do Pelourinho mais próximo.

Eu andarei por aqui, mas considero que este Blog, foi uma espécie de aprendizagem e de perceber como tudo funciona, nestes meandros da Blogosfera.

Assim despeço-me, mas eu vou andar de olho.

Beijos e Abraços e um excelente 2020 para todos.

 

 

 

 

O meu conto de Natal

Maria estava em Londres há oito meses, a trabalhar como enfermeira, como tantas Marias do nosso país.

No dia 01 de Dezembro saiu a escala do mês e claro que iria estar a trabalhar na noite e dia de Natal, nem ela esperava outra coisa. Triste, telefonou à mãe e disse que como seria de prever iria estar de escala e não poderia ir passar o Natal a casa, junto dos pais, irmão, primos, tios e avós. Mas que ainda assim, iria tentar trocar com colegas, mesmo que tivesse que trabalhar mais horas até lá.

Maria falou com vários colegas e não conseguiu. Ainda não tinha muitos amigos, apenas a vizinha, que também era portuguesa e os colegas de trabalho. No trabalho dava-se muito bem com Helena, que já estava a trabalhar em Londres há mais de 10 anos e inclusivamente já tinha marido e dois filhos a viverem lá. Ainda lhe perguntou se era possível trocar aqueles dias com ela, porque viu que não estava de escala, mas Helena disse que seria impossível por causa das crianças.

No dia 18 de Dezembro, voltou a ligar à mãe e disse que efectivamente não conseguira, trocar com ninguém. A mãe disse que não fazia mal, que iriam abrir os presentes todos juntos à meia noite.

- Como assim mãe?

- Então, hoje com as novas tecnologias podemos não estar fisicamente juntos, mas estaremos a festejar à mesma hora.

- Pois, mas não é a mesma coisa, e além disso eu posso não conseguir, porque vou estar a trabalhar.

- Não te preocupes querida, não importa como estaremos juntas, mas iremos estar.

- Agora tenho que ir, beijinhos mãe.

Maria acabou o turno e ainda as lojas estavam abertas, resolveu ir dar um passeio, tirar umas fotos às ruas iluminadas e cheias de espírito natalício, a certa altura ao ver famílias juntas, nas ruas a fazerem compras ou simplesmente a passearem, não conteve as lágrimas. Era o primeiro Natal que iria passar longe da família e do namorado.

Chegou a casa, abriu a caixa do correio e lá estavam mais uns postais, desta vez eram da tia Lurdes, subiu as escadas e quando chegou ao estúdio colocou-os juntos dos outros que já recebera. Estranhou ainda não ter recebido nenhum de Gustavo, o seu namorado. 

Os dias passavam e Maria entrou em piloto automático, para não pensar muito na questão do Natal e foi trabalhando o mais que pode, para conseguir uns dias extra em Janeiro, para estar junto da família em Portugal.

No dia 23 de Dezembro, foi informada que as escalas tinham tido alterações de ultima hora, e verificou que não iria estar de escala no dia 24, 25 e 26. Pensou que só podiam estar a gozar. Tentou ver voos, mas os que existiam eram demasiado caros, pois era muito em cima da hora para aquela altura.

Saiu do trabalho e foi caminhar junto ao Tamisa e nem teve coragem para ligar à mãe a contar o que tinha acontecido, pois sabia que ela iria logo querer pagar um daqueles voos caríssimos, mas ela sabia que as condições económicas dos pais não eram as melhores, pois ela estava desempregada e o pai ganhava pouco mais que 700 Euros e ainda tinha o irmão mais pequeno para sustentarem. Estava fora de causa. Caminhou, caminhou, até que desatou a chorar sem parar. Tentou acalmar-se e voltou para casa.

Chegou a casa e tinha um bilhete na porta, era a vizinha, que lhe pedia para ir falar com ela quando chegasse. Assim fez, foi ao seu encontro, batendo na porta.

- Vi o teu bilhete

- Que fazes amanhã? 

- Não tenho nada planeado.

- Então? Não trabalhas?

E aí contou-lhe o que tinha acontecido e que não tinha tido coragem de falar com a mãe.

- Tive uma ideia, que tal amanhã irmos passear, almoçar fora e só voltarmos por volta da hora do jantar, fazemos o jantar de natal para as duas, bebemos um bom vinho como os ingleses fazem e abrimos as prendas.

- Não sei se me apetece.

- Vá lá, vai fazer-te bem, um pouco diversão nunca fez mal a ninguém e tu estás a precisar. Vou-te mostrar os sítios que ainda não conheces. Estás aqui há 8 meses e nunca sais a não ser para o trabalho.

- Acho que não vou ser boa companhia

- Isso não cabe a ti decidir, mas a mim, e por isso está pronta às 10:00.

- Muito bem, que seja, pode ser que me anime.

No dia seguinte, conforme combinado estava pronta na hora combinada. Saíram e passaram o dia fora.

Quando estavam de volta, Maria abriu a porta de casa e viu uma mesa posta, comida, uma árvore de natal e ficou assustada. Tinham feito o inverso de assaltar uma casa, entraram, mas em vez de levarem coisas, tinham lá colocado.

Gritou para a vizinha:

- Vem depressa

- Que se passa?

- Isso pergunto eu, olha

- Que aconteceu? De onde apareceu tudo isto? Terá sido o Pai Natal? disse a rir

Nisto vê entrar pela porta os pais, o irmão e o namorado. Não conteve as lágrimas, não sabia se era real ou não.

- Que estão aqui a fazer? Como?

A mãe só disse:

- Eu não te disse que iríamos estar juntas 

- Sim, mas...

- Agradece aqui a esta amiga e depois à Helena, a tua colega do Hospital, que está a fazer a tua folga, mas agora está na hora de ir comer, não passei o dia todo a cozinhar para agora deixar arrefecer o bacalhau.

Sentaram-se todos à mesa, e aquele foi o melhor Natal de Maria, afinal ainda existem pessoas boas neste mundo, só é pena serem tão poucas. 

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Imagem Pixabay

 

 

 

desafio de escrita dos pássaros #15

Para esta semana, o tema é:

O Pai Natal decidiu reformar-se e as entrevistas começam esta semana. Descreve uma dessas entrevistas na perspectiva do recrutador de recursos humanos: A Rena Rudolfo.

e dando continuação ao desafio anterior

Estava já a fazer a mala para voltar para casa com os presentes que tinha vindo buscar aqui, à Lapónia quando recebo um email dos pássaros. Tinha que ir gravar uma entrevista. Pensei, então mas eles querem continuar fechados na Gaiola?

Que seja, eu prometi à Maria que os lá deixaria até ao final, e eles até estão a ajudar. 

Mas a Rena Rudolfo já tem 80 anos, e também ela está a querer a reforma, vai fazer entrevistas e depois vai descansar para um local com sol. 

Preparei todo o material e fiz sinal a Rudolfo que podia começar.

O candidato entra e diz:

- Boa tarde

- Boa tarde, em primeiro lugar porque se candidatou e porque acha que daria um bom pai natal?

- Porque estou a ficar velho, gordo, com barba e cabelo branco.

- Pois, esse tinha que ser um requisito, e que mais?

- Porque estou a fugir?

- De quem? Da policia?

- Não

-Então?

- De um bando de pássaros

Rudolfo olhou para ele intrigado e pensou que não devia bater muito bem da cabeça.

- Explique-se melhor

- Então tudo começou há 14 semanas, inscrevi-me num clube e desde então a minha vida virou um verdadeiro filme, eu fui único que escapou da Gaiola, há duas semanas e consegui fugir, achei que ninguém viria para aqui, porque aquela gente gosta é de ilhas desertas e sol. E como estou desempregado candidatei-me.

- E quanto tempo acha que aguenta o frio?

- Vê-se mesmo que não conhece aqueles pássaros, vá ter com eles e percebe. Depois daquela experiência aguento qualquer coisa.

- Não sei...parece-me um pouco perturbado, mas conte lá.

- Oiça aquilo era só problemas, para fugir tive que dar um estalo ao que estava mais bêbado na festa para escapar, depois sair do bairro sem perceberem que faltava um pássaro na gaiola, foi uma verdadeira aventura. Ainda encontrei a Beatriz, que me disse que não devia fugir, mas não lhe dei ouvidos, e disse que tinha que ser, ela ainda perguntou: E agora, que vais fazer? eu respondi que até preferia ir para o purgatório para junto do Hitler.

- Valha-me Deus, que aventura, mas continue...

- Pelo caminho ainda resolvi ir para uma ilha deserta, conheci uma rapariga fomos viver para uma cabana, mas um dia deixei o frigorífico aberto, e ela ficou furiosa porque tinha comprado 40 frascos de compota de abobora à Constança e ficaram todos estragados com o calor, meteu-me num barco sem ramos e fiquei à deriva no mar. Sem água e sem comida, apenas tinha no barco um caderno e um lápis e pensava que era o fim e resolvi escrever uma carta à criança que eu tinha sido.

- E porque fez isso?

- Porque as crianças são a melhor parte de nós.

- Mais um ponto a seu favor...mas continue

- Depois adormeci de cansaço, fome e exaustão e acordei numa ilha todo nu e não me lembrava de nada. A primeira coisa que oiço quando acordo é de um barco cheio de gente a chegar à ilha e uma histérica só gritava: Já Chegámos? Já Chegamos. Perguntei onde tinham chegado, pois não sabia onde tinha naufragado. Disseram que era a ilha dos animais encantados

- Como assim?

- Ali os animais falavam com as pessoas, mas acho que era a falta de água e comida, fui à procura de água e comida, e quando encontro, aparece um bando de pássaros a dizerem-me que tinha que voltar, eu pensei tenho que sair daqui o quanto antes, porque eles não se calavam. Senti que estava a viver o final daquele filme do Tom Hanks, o naufrago, porque lá aparece uma alma caridosa de avioneta e me tira dali. Perguntei para onde ia, e disse que vinha para a Lapónia e eu disse que ia, porque não tinha nascido para aquilo. E aqui estou eu.

- De facto viveu muito em apenas 14 semanas. Está contratado.

Brindam felizes, quando eu que estava a filmar a entrevista digo:

- Tudo muito lindo, mas pássaro um vez, pássaro para sempre, vais voltar comigo hoje mesmo

- Nãoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

- Simmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm. E quando lá chegarmos vais direitinho para a Gaiola e depois logo vejo o que faço com vocês todos. 

Rodolfo olha incrédulo para aquilo e pensa:

Mas de onde veio esta passarada? E sem mais vira-se e diz:

- Então e o Pai Natal?

- Mas acha que alguém ainda acredita no Pai Natal?

- Estou velho, cansado e farto de frio e preciso de um pouco de animação e já percebi que isso vocês têm de sobra, por isso vou convosco e ainda vos dou boleia.

- Muito bem, o trenó está pronto?

- Sim, só uma coisa, o pai natal também vai

- Venha, assim passa o Natal lá em casa

Até para a semana

*Afinal é até dia 3, eles adiaram a data do Julgamento, portanto irão continuar em previsão preventiva.

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Para quem não entendeu nada, veja os posts anteriores:

Tema 1

Tema 2

Tema 3

Tema 4

Tema 5

Tema 6

Tema 7

Tema 8

Tema 9

Tema 10

Tema 11

Tema 12

Tema 13

Tema 14

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