Quando ter e ser passam a ter o mesmo significado
Quando Ser e Ter passam a ter o mesmo significado
Quando Ser e Ter passam a ter o mesmo significado é algo está a acontecer cada vez mais, e é muito triste. Eu escolho a Liberdade e a Simplicidade.
Infelizmente para muitos, as pessoas são o que têm e não que realmente são. Nós muitas vezes somos julgados pelas coisas mais fúteis.
Somos julgados pela roupa que vestimos, pelo carro que conduzimos, pela casa que habitamos e ainda pela localização dessa mesma casa.
Nesta sociedade cada vez mais fútil, considero que as mulheres sofrem mais com as questões de aparência. Por exemplo quando decidi que não ia continuar a pintar o cabelo, porque me aborrecia ter que ir ao cabeleireiro encher a minha cabeça de químicos a cada 3 semanas, porque o meu cabelo cresce muito rápido, fui imediatamente criticada.
Após essa decisão, tive apoio de uns e nem por isso de outros, pois para determinadas pessoas a aparência é tudo.
Diziam com a maior das facilidades frases como: Pareces velha, com esses cabelos brancos. Já pensaste o que vão achar? Vão achar que és desleixada. Tinhas um cabelo tão bonito. E por ai adiante. Estas frases não magoam no seu conteúdo, mas pelo facto de serem feitas por quem são.
Apesar de já não pintar o cabelo há dois anos, ainda há pessoas que não desistem em dar o seu palpite.
Mas estou muito feliz com a decisão que tomei há dois anos atrás. Pois foi uma decisão que me fez sentir livre, muito livre. Convivo muito bem com os meus cabelos brancos e os meus clientes não deixaram de comprar casas por eu não pintar o cabelo.
Também deixei de pintar as unhas, claro que as limo e as trato semanalmente, simplesmente não pinto. Mais uma vez me deu a sensação de liberdade. Posso lavar louça, jardinar e fazer o que me apetece sem ter medo de estragar o verniz.
Isto são apenas dois pequenos exemplos de como a sociedade nos vê em ter ou não ter. Neste caso ter unhas e cabelo pintado ou não.
O que eu tenho, não me define como pessoa, até pode definir em alguns aspetos, mas não na totalidade.
Eu prezo a liberdade de escolha. Não vou deixar de viver onde vivo, porque ser considerada a zona pobre da cidade. Pode até ser, mas aqui os vizinhos conhecem-se, é um bairro tranquilo, sem problemas de criminalidade e acima de tudo sinto-me bem e sou feliz aqui. E ao contrário do que a maioria pensa, vivem aqui pessoas bem ricas.
As pessoas verdadeiramente ricas não precisam de viver nos sítios chiques para pensarem que o são. Elas não querem saber de nada disso.
Quem vive em determinadas zonas gasta todo o seu salário a pagar a prestação altíssima da casa, do carro, do condomínio, das roupas e das idas ao cabeleireiro e manicure mais caros da cidade.
Vivem apenas para parecerem ser, mas na realidade nada têm a não ser uma vida fútil e vazia. Na verdade essas são as pessoas verdadeiramente pobres. As ricas pagam tudo a pronto e não precisam de se evidenciar.
Cada um vive como quer e pode. Eu apenas prezo a liberdade e a simplicidade. Não me preocupa o que os outros pensam de mim. Mas considero que todos deviam fazer uma reflexão interior sobre o ser e o ter. Não têm o mesmo significado. No entanto nesta sociedade cada vez mais consumista, começam-se a confundir.
Ninguém é o que tem.